quinta-feira, 12 de agosto de 2010

BLOG: Que cem flores desabrochem! Que cem escolas rivalizem!

Este é um espaço construído por um coletivo de companheiros com objetivo de atingir aqueles que, através do marxismo, optaram por pensar por suas próprias cabeças e desejam um espaço para esgrimirem suas idéias sobre o rumo do socialismo e a teoria que o ilumina.

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'Nota mais alta não é educação melhor' Diane Ravitch, ex-secretária-adjunta de Educação dos EUA


02 de agosto de 2010 | 0h 00

Simone Iwasso - O Estado de S.Paulo
Erro. Ênfase em responsabilização de professor é danosa para a educação, afirma Diane

Uma das principais defensoras da reforma educacional americana - baseada em metas, testes padronizados, responsabilização do professor pelo desempenho do aluno e fechamento de escolas mal avaliadas - mudou de ideia. Após 20 anos defendendo um modelo que serviu de inspiração para outros países, entre eles o Brasil, Diane Ravitch diz que, em vez de melhorar a educação, o sistema em vigor nos Estados Unidos está formando apenas alunos treinados para fazer uma avaliação.
Secretária-adjunta de Educação e conselheira do secretário de Educação na administração de George Bush, Diane foi indicada pelo ex-presidente Bill Clinton para assumir o National Assessment Governing Board, instituto responsável pelos testes federais. Ajudou a implementar os programas No Child Left Behind e Accountability, que tinham como proposta usar práticas corporativas, baseadas em medição e mérito, para melhorar a educação.
Suas revisão de conceitos foi apresentada no livro The Death and Life of the Great American School System (a morte e a vida do grande sistema escolar americano), lançado no mês passado nos EUA. O livro, sem previsão de edição no Brasil, tem provocado intensos debates entre especialistas e gestores americanos. Leia entrevista concedida por Diane ao Estado


Por que a senhora mudou de ideia sobre a reforma educacional americana?
Eu apoiei as avaliações, o sistema de accountability (responsabilização de professores e gestores pelo desempenho dos estudantes) e o programa de escolha por muitos anos, mas as evidências acumuladas nesse período sobre os efeitos de todas essas políticas me fizeram repensar. Não podia mais continuar apoiando essas abordagens. O ensino não melhorou e identificamos apenas muitas fraudes no processo.


Em sua opinião, o que deu errado com os programas No Child Left Behind e Accountability?
O No Child Left Behind não funcionou por muitos motivos. Primeiro, porque ele estabeleceu um objetivo utópico de ter 100% dos estudantes com proficiência até 2014. Qualquer professor poderia dizer que isso não aconteceria - e não aconteceu. Segundo, os Estados acabaram diminuindo suas exigências e rebaixando seus padrões para tentar atingir esse objetivo utópico. O terceiro ponto é que escolas estão sendo fechadas porque não atingiram a meta. Então, a legislação estava errada, porque apostou numa estratégia de avaliações e responsabilização, que levou a alguns tipos de trapaças, manobras para driblar o sistema e outros tipos de esforços duvidosos para alcançar um objetivo que jamais seria atingido. Isso também levou a uma redução do currículo, associado a recompensas e punições em avaliações de habilidades básicas em leitura e matemática. No fim, essa mistura resultou numa lei ruim, porque pune escolas, diretores e professores que não atingem as pontuações mínimas. 


Qual é o papel das avaliações na educação? Em que elas contribuem? Quais são as limitações?
Avaliações padronizadas dão uma fotografia instantânea do desempenho. Elas são úteis como informação, mas não devem ser usadas para recompensas e punições, porque, quando as metas são altas, educadores vão encontrar um jeito de aumentar artificialmente as pontuações. Muitos vão passar horas preparando seus alunos para responderem a esses testes, e os alunos não vão aprender os conteúdos exigidos nas disciplinas, eles vão apenas aprender a fazer essas avaliações. Testes devem ser usados com sabedoria, apenas para dar um retrato da educação, para dar uma informação. Qualquer medição fica corrompida quando se envolve outras coisas num teste. 


Na sua avaliação, professores também devem ser avaliados?
Professores devem ser testados quando ingressam na carreira, para o gestor saber se ele tem as habilidades e os conhecimentos necessários para ensinar o que deverá ensinar. Eles também devem ser periodicamente avaliados por seus supervisores para garantir que estão fazendo seu trabalho. 


E o que ajudaria a melhorar a qualidade dos professores?
Isso depende do tipo de professor. Escolas precisam de administradores experientes, que sejam professores também, mais qualificados. Esses profissionais devem ajudar professores com mais dificuldades. 


Com base nos resultados da política educacional americana, o que realmente ajuda a melhorar a educação?
As melhores escolas têm alunos que nasceram em famílias que apoiam e estimulam a educação. Isso já ajuda muito a escola e o estudante. Toda escola precisa de um currículo muito sólido, bastante definido, em todas as disciplinas ensinadas, leitura, matemática, ciências, história, artes. Sem essa ênfase em um currículo básico e bem estruturado, todo o resto vai se resumir a desenvolver habilidades para realizar testes. Qualquer ênfase exagerada em processos de responsabilização é danosa para a educação. Isso leva apenas a um esforço grande em ensinar a responder testes, a diminuir as exigências e outras maneiras de melhorar a nota dos estudantes sem, necessariamente, melhorar a educação. 


O que se pode aprender da reforma educacional americana?
A reforma americana continua na direção errada. A administração do presidente Obama continua aceitando a abordagem punitiva que começamos no governo Bush. Privatizações de escolas afetam negativamente o sistema público de ensino, com poucos avanços de maneira geral. E a responsabilização dos professores está sendo usada de maneira a destruí-los. 


Quais são os conceitos que devem ser mantidos e quais devem ser revistos?
A lição mais importante que podemos tirar do que foi feito nos Estados Unidos é que o foco deve ser sempre em melhorar a educação e não simplesmente aumentar as pontuações nas provas de avaliação. Ficou claro para nós que elas não são necessariamente a mesma coisa. Precisamos de jovens que estudaram história, ciência, geografia, matemática, leitura, mas o que estamos formando é uma geração que aprendeu a responder testes de múltipla escolha. Para ter uma boa educação, precisamos saber o que é uma boa educação. E é muito mais que saber fazer uma prova. Precisamos nos preocupar com as necessidades dos estudantes, para que eles aproveitem a educação. 


QUEM É
É pesquisadora de educação da Universidade de Nova York. Autora de vários livros sobre sistemas educacionais, foi secretária-adjunta de Educação e conselheira do secretário de Educação entre 1991 e 1993, durante o governo de George Bush. Foi indicada pelo ex-presidente Bill Clinton para o National Assessment Governing Board, órgão responsável pela aplicação dos testes educacionais americanos.
 




domingo, 8 de agosto de 2010

VIII JORNADAS DE POLÍTICAS PÚBLICAS DA UEM




UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM POLÍTICAS E GESTÃO EDUCACIONAL

VIII JORNADA DE ESTUDOS EM POLÍTICAS PÚBLICAS DA UEM
18 de setembro

Maiores informações: LABORATÓRIO DE APOIO PEDAGÓGICO - LAP BLOCO I12
oliveiracaroline29@gmail.com

Educação do Campo é tema de Debates

Sete universidades federais integrantes do Observatório da Educação do Campo – Capes/INEP promovem, de 4 e 6 de agosto, na Universidade de Brasília, o III Encontro Nacional de Pesquisa em Educação do Campo, o III Seminário sobre Educação Superior e as Políticas para o Desenvolvimento do Campo Brasileiro e o I Encontro Internacional de Educação do Campo. Os três eventos simultâneos e articulados, que contarão com a presença de convidados ibero-americanos, vão levar representantes de movimentos sociais e de órgãos públicos, pesquisadores e educadores a socializarem produções acadêmicas inovadoras que versam sobre o direito das populações do campo terem condições dignas de vida, trabalho, educação e saúde.

Do Observatório da Educação do Campo participam as universidades federais da Paraíba, do Ceará, do Pará, da Bahia, de Brasília, de Minas Gerais, do Rio Grande do Norte e de Sergipe. Já a dimensão internacional dos eventos mostra a força da aliança entre os povos do campo na sociedade globalizada, reunidos pela primeira vez no Brasil: participarão representantes de universidades e instituições de Cuba, Bolívia, Venezuela, Peru, Paraguai e México.
A programação vai propiciar a articulação entre os pesquisadores e o amplo debate das experiências em curso e concluídas, visando contribuir com a elaboração de políticas públicas para a Educação do Campo. O propósito do Observatório, aliás, é de realizar pesquisas sobre as políticas de educação superior desenvolvidas pelas universidades para a promoção da sustentabilidade do campo.

Origens - Esses eventos tiveram início em 2005, com o I Encontro Nacional de Pesquisa em Educação do Campo, organizado pelos ministérios do Desenvolvimento Agrário e da Educação. Os pesquisadores pleitearam à época a implantação de uma infraestrutura acadêmica e institucional que permitisse o desenvolvimento da produção de conhecimento e a formação de educadores do campo.

A criação do Observatório da Educação do Campo foi, assim, uma das conquistas; outra foi a atuação integrada das universidades que compõem o Projeto, no II Encontro Nacional, realizado em 2008 na Universidade de Brasília, que permitiu vislumbrar quantidade e qualidade da produção científica sobre Educação do Campo nas universidades públicas, bem como construir uma visão crítica sobre a questão.

Para consolidar a Educação do Campo como área de produção de conhecimento, os desafios passam agora pela priorização os conhecimentos dos próprios camponeses nos vários cursos superiores em andamento, assim como em escolas do campo que buscam novas práticas educativas e nos projetos de apoio à produção para fundar um novo padrão tecnológico produtivo no campo.
copiado do MST